sábado, 23 de maio de 2015

Um tanto de si em mim

"Você voltou. Mas já partiu.

Foi embora há poucos meses, dois talvez, e a pressa com que você seguiu com sua vida, infelizmente, não apareceu para mim. De forma alguma eu o julgo por isso, mas é certo que invejo a sua rápida adaptação com as realidades que lhe são impostas. Contudo, eu não possuo tal característica, não quando você está envolvido. 

Eu sinto falta de cada momento que passamos juntos, queria continuar vivendo, na verdade. Palavras, cheiro, beijos, toques, nenhum deles me inebriam como os seus tinham a capacidade de fazer. Dói saber que não foi para você como para mim. Afinal, você já guardou nossa 'história' em seu passado, já eu... Ah, eu ainda a vivo, e como. Você deve pensar em quem realmente lhe marcou, eu cogito falar com você a todo momento.

Lembro que estávamos esperando o elevador descer até a garagem e conversando, quando você me questionou: "você não acha que sentirei a sua falta?". Eu lhe disse que não queria conversar sobre aquilo. Sei que você pressupôs que minha resposta era positiva, era evidente. É evidente. Eu realmente não achava e você prova todos os dias o quanto estava certa ao achar aquilo. 

Era eu a viver uma 'história de amor' ali. Você provavelmente enxergava como uma forma de relaxamento, no máximo, bons momentos após dias cansativos de trabalho. Mas mesmo reconhecendo essa grande probabilidade, eu lembro o bem enorme que você me fazia e não me arrependo de forma alguma do que vivi. Sinto falta de tudo aquilo. Incrível como, até hoje, quando traço alguns dos caminhos que normalmente fazíamos juntos, uma nostalgia me abraça e chega a me sufocar. Queria ter tido tempo suficiente para poder dizer lhe amava... Eu simplesmente sinto isso. Ainda.

Acabo de me lembrar de um trecho de minhas músicas favoritas. "Perdoe-me, primeiro amor, mas é verdade, eu preciso provar o beijo de alguém novo. Perdoe-me, primeiro amor, mas eu estou cansada". A canalhice virou meu novo lema, mas não há novidade que me faça guardar os momentos históricos da minha vida propiciados por você, primeiro amor. Posso até estar cansada de pensar em você a todo instante, mas estar com você, mesmo que seja apenas em pensamento, parece que se tornou uma parte de mim. Parece que você se foi, mas deixou um tanto de si em mim. Um tanto bom, um tanto gostoso, um tanto inesquecível. Mas será insuperável? Droga, não pode ser.

Anônimo."

12ª Carta
    

sábado, 11 de outubro de 2014

27 de agosto de 2014

Carta anônima:

     "Nesse exato momento sinto uma dor de cabeça misturada à vontade de dormir e à incapacidade de fazê-lo. Já são 01:06 da madrugada e quando não penso em comer penso nele. Um relacionamento curto, porém cheio de expectativas (da minha parte) e intensidade. [...] E não é nem que eu tenha me apaixonado, mas, de certa forma, ele fez com que eu gostasse de cada minuto em que estivéssemos juntos; momentos com os quais sempre sonhei e de que agora sinto falta. Talvez se ele tivesse ficado mais um tempo eu teria me apaixonado. Acho que é isso que mais me frustra: eu não tive a chance de me apaixonar pelo cara bacana que ele foi comigo. [...] Eu me lembro que era um domingo e que nós havíamos ido à praia olhar o pôr-do-sol, mas o sol já havia de posto; assim como qualquer momento que não iríamos mais viver juntos. Um domingo em que dei o último beijo no homem mais surpreendente que conheci - e não chorei. Mas confesso que chorei na quarta-feira, em que ele me avisou que iria embora [...]. Chorei porque sabia que não iria dar certo, ou melhor, se iria ou não dar certo; chorei porque nada mais iria acontecer entre nós. [...]
     Assim foi a minha primeira história que não deu certo. História de amor? Não. História de um quase amor, quer dizer, de um possível amor. Um rapaz romântico, inteligente e muito bonito. Um homem que me respeitou [...]. Sempre disposto a conversar ou a ouvir, a se divertir até no momento em que não estávamos dançando ou bebendo, mas sim deitados e entrelaçados um ao outro. O que me movia a estar ali parecia movê-lo também. [...]. Aquele rapaz é um ser humano raro de se encontrar, por isso está tão difícil me desapegar. Diferente de todos os outros, pelos quais possa ter me interessado mais, foi ele quem construiu a imagem que tenho sobre ele - e não eu que inventei. Me pego pensando nele todos os dias e uma pequenina vontade de chorar me surgiu agora (rs).
     Não posso mais ficar remoendo aquilo que aconteceu, por apenas um e somente um motivo: eu tive a oportunidade de conhecer e de viver algo com o homem dos meus sonhos. Não com o que as pessoas dizem ser perfeito, mas com o qual EU sempre sonhei. Ele foi meu príncipe e fico muito feliz por ter passado momentos tão bons com uma pessoa como ele.
     Escrevo isso para mais ninguém que não seja eu, porque ninguém entenderia (ou se importaria com) essas palavras e esse sentimento a não ser eu. Talvez ele volte em janeiro, TALVEZ. Quero muito que venha, mas prefiro acreditar que não, assim me livro de mais expectativas. Enfim, foi a pessoa com quem mais gostei de estar na minha vida e vou levá-lo com muito carinho para o resto dela. Ele conquistou minha simpatia e o meu apresso com o seu jeito único de ser, mas espero que as coisas funcionem da melhor maneira daqui por diante; seja para nosso reencontro em janeiro ou para que esse momento tenha sido único e eu consiga ser muito feliz (e ele também, é claro), com ele apenas sendo uma das inúmeras lembranças boas da minha juventude. [...]"

10ª Carta


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sentimentos não fazem sentido, não é o que dizem?

Carta de uma grande amiga e leitora do blog. Linda e contagiante. 


"Lembra daquele dia que tu me perguntastes se eu estava apaixonada por ti? E eu olhei nos teus olhos e falei que não; eu desconversei de um jeito tão evidente o que eu sentia. Eu não falei nada, falei que não, querendo dizer sim, que eu gosto de ti de um jeito único, que eu nunca senti por ninguém. Tu me atrai de uma maneira inexplicável; mas não é o tipo de atração que tira o sono e inquieta o coração. É o jeito mais puro e calmo de dizer o quanto eu te desejo, e que eu sinto uma paz tão profunda quando estou ao teu lado. E eu queria todos os dias deitar no travesseiro e pensar que vamos dar certo. E é isso que me deixa tão apavorada. O fato de termos tão poucas chances de estarmos juntos e continuar com isso. Até quando? Eu enfrentaria todos os riscos por ti se tivesse certeza que é recíproco. A verdade é que todo o dia eu penso em ti e te quero cada vez mais. E a medida que vou te querendo, surge mais e mais desesperanças sobre nós. Sobre como tudo isso vai continuar? Eu gosto de ti. Mas até que ponto isso é suficiente? Lembra que te falei não acreditar no amor? Então, contigo eu até achei que minha opinião cética e fria sobre isso poderia mudar. Tu fostes o único por quem eu seria capaz de rever as minhas opiniões. Confesso que me sinto uma idiota por a cada dia que passa eu ter cada vez mais medo de tu me esquecer. Sei que vai aparecer alguém na tua vida mais interessante que eu, com mais disponibilidade e liberdade pra ti. É inevitável. Mas eu sinto medo sim. Infelizmente eu sei que isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. E mesmo com um terremoto passando na minha vida eu só consigo pensar em ti e como vai ser daqui pra frente se eu não puder mais te ver tão cedo. Vai aparecer outra pessoa e eu vou ser só mais uma? Eu sei que sim. Não sei se com isso eu já deixei claro que gosto de ti. Não sei até que ponto "deixar claro" é bom. Porque tu fostes a única pessoa que fez passar pela minha cabeça a ideia de querer estar ao lado até a eternidade. Se naquele dia eu pudesse ficar pra sempre deitada em cima de ti, eu escolheria por isso. Mesmo achando essa coisa toda muito brega e clichê. Eu nunca mesmo vou esquecer de ti. E não me importo se pra ti fui só mais uma e se tudo não passou de uma diversão. Pra mim tu fostes o melhor cara que eu já fiquei, e o único que eu não enjoei depois de um tempo. Incrível como eu sinto PAZ ao teu lado. E acredite, ninguém nunca me trouxe tanta paz. Eu sou alucinada pelo jeito como tu me olha, pelo jeito como tu fala e tenta me mostrar um lado totalmente diferente daquilo que eu penso. Sou vidrada no teu sorriso, na paz que ele transmite. Tu consegue me tirar do sério em minutos. Seja por um beijo ou por algumas divergências de pensamentos. Falando em beijo, eu não me importaria se tu fosses o único que eu tivesse que beijar pelo resto da minha vida. Confesso que sempre que estou contigo, peço pra alguma força sobrenatural parar todos os relógios do mundo pra que eu fique do teu lado sem me preocupar com a hora. É verdade também que eu sinto uma dor súbita percorrer todos os meus pensamentos quando lembro da hipótese de ter que esperar tantos dias pra te ver. E se nesse tempo tu cansar, se desinteressar? Sinto uma raiva incontrolável das circunstancias da vida que não me permitem te olhar e te beijar na hora que me der vontade. Sinto saudade todo santo dia, mas nunca vou demonstrar. Sinto vontade de te mandar esse texto, mas talvez eu realmente nunca o mande. Será que se eu te demonstrar tudo isso vai adiantar algo? Vai mudar o que? Talvez nada. Quero liberdade e usá-la contigo, apenas. Nunca senti tanta "necessidade" de alguém. E me sinto tão estranha e vulnerável por isso. Eu gosto de ti e sofro. Sofro por saber que isso nunca vai ser o suficiente. Nas histórias de contos de fadas, o amor é sempre a arma secreta, capaz de destruir bruxas e castelos de muros gigantescos. Só que na vida real é justamente o oposto. Parece que as "bruxas" e os "castelos de pedra" é que conseguem, facilmente, destruir o amor. Olha só... Quem diria eu falando de AMOR! Eu sinto vontade de te amar, todo o dia. E talvez isso seja o mais difícil de assumir pra mim. Nunca quis amar ninguém. Tento escrever e colocar aqui tudo o que sinto, mas parece que a cada palavra eu me confundo mais. Se tu quiseres ignorar tudo o que eu disse nas linhas acima, sem problemas. O que eu quero realmente te dizer é que não importa o que aconteça, eu sempre vou estar aqui, pra ti. Pro que tu precisar ou não, seja só pra dizer um oi e contar como foi o teu dia. Saibas que podes me ligar ou me procurar a qualquer hora e eu vou fazer de tudo pra ti ouvir. E quando eu estiver só ouvindo, quero que tu digas que eu devo falar mais, porque é muito chato falar sozinho. E quando tu fizeres isso eu já vou me sentir melhor, pode ter certeza. Outra coisa que eu também não disse é o quanto eu te admiro. Te admiro por ser uma pessoa tão boa, cujo olhar consegue demonstrar a pureza do coração. Tu és realmente uma criança: consegue ser irritante e amável, ao mesmo tempo. Tu possuis uma coisa que há muito eu não encontro em ninguém. Uma bondade, um coração tão enorme e puro. E agora eu confesso que sou apaixonada por ti. E passar aquelas tardes contigo se transforam em dias maravilhosos. Aqueles dias que quando tu chega em casa, pensa o quanto seria bom se ele tivesse mais do que 24hrs. Mesmo não sabendo se isso é recíproco, eu não me importo mesmo. Só que eu tenho mania de escrever sobre o que eu penso, independente de fazer sentido ou não. Sentimentos não fazem sentido, não é o que dizem? 

'In the confusion, and the aftermath
You are my signal fire 
The only resolution and the only joy'


LA"

FIM - 9ª Carta

sábado, 27 de julho de 2013

Amor agápe: amo te amar

"Primeiramente, quero lhe pedir desculpa por todas as palavras confusas que estão por vir nessa carta. Segundo, quero lhe pedir que não as banalize ou as desconsidere. E, por último, peço-lhe em que nelas acredite. Eu sei que é tudo muito estranho, mas lembre-se do meu primeiro pedido; que vai parecer inacreditável, mas confie no segundo. Contudo, é real... Foque no último pedido.

Hoje eu o vi brincando com uma criança, aquelas velhas e excelentes brincadeiras que você sabe executar tão perfeitamente bem com uma bola. Ontem o vi colocando um colete em um garotinho que tinha necessidades especiais. Há quatro anos o vejo fazendo coisas maravilhosas. Possivelmente você é o dono da luz que eu precisava enxergar (desculpe, eu sei que isso soou brega) para seguir meu caminho. Então, por favor, saiba que nada do que sinto é infundado. Eu me apaixonei pelo que vi e pelo que vejo em você. Talvez nem seja tudo o que sonho, mas meus sentimentos não são apenas baseados no irreal e, sim, no que observei nos tantos dias que tive a sorte de vê-lo (mesmo que de longe ou sem qualquer tipo de contato). Claramente não posso afirmar que são os sentimentos mais sãos do mundo, afinal, quem se apaixona por quem nem desconfia de sua existência? Mas é que você é um homem que chama atenção, em todos os sentidos. Só que além de minha atenção você atraiu o que de melhor uma pessoa pode atrair da outra: admiração, torcida, amor. Acredite que não foi apenas por sua aparência incomumente graciosa. Há algo que nem eu mesmo sou capaz de compreender, mas que tomou conta de toda a minha essência, de toda aquela lógica que sempre me pareceu ser uma característica predominante em minhas posições. 

Enfim, perdoe-me mais uma vez por assustá-lo, incomodá-lo ou fazê-lo perder seu tempo. Mas o meu próprio se tornou seu, a partir do momento em que guardei sua imagem em minha consciência (e até na ausência dela). Eu só peço que entenda por que falo tudo isso a você, agora. Eu digo, pois jamais poderia dar um próximo passo sem levar comigo o sorriso de vê-lo lendo todas essas palavras e sabendo de tudo o que você causa em mim. Foi um prazer amá-lo.

Natássia"

FIM - 8ª Carta


segunda-feira, 10 de junho de 2013

O teu ser

A carta a seguir é muito emocionante e linda. Não é de minha autoria, mas me emocionei muito quando a li. Por mais que as palavras sejam finitas diante de nossos sentimentos, elas, ainda assim, conseguem representar, de modo pequeno porém lindo, o nosso amor.

     "Sempre que tentei começar algum texto sobre ti, ou sobre o que sinto, nunca soube ao certo como começar. Cada vez tenho mais certeza que as pessoas certas surgem nos momentos certos. E tu foi uma delas. Não sei o que me atraiu em ti. Mas pensando bem, eu sei, e se digo que não sei às vezes, é por preguiça de explicar. Pois bem, eu amo pessoas que me oferecem os olhos. Pessoas que me deixam olhar nos olhos delas sem medo, que tem no lugar da pupila o coração. Aprendi com o tempo que gente de verdade olha no olho quando é necessário, que não esconde o olhar. E eu simplesmente amo o jeito como o teu olhar é hipnotizante, que eu posso achar um poço de bons sentimentos em apenas um olhar. E olha só, esse olhar é teu! Até hoje a única pessoa que tive uma vontade quase incontrolável de encontrar só para ver os olhos. Talvez a única pessoa que eu realmente QUIS olhar nos olhos, não simplesmente por educação, mas por ser até hoje o único que me olhou nos olhos também.
     Mas se existe algo mais que me encanta tanto quanto o teu olhar, é aquilo que ele reproduz: o teu ser. Uma pessoa doce, dócil e tão facilmente amável. Acho que me acostumei tanto ao modo rude do mundo que fico tão impressionada em ver que por trás de todas as tatuagens e um jeito de inconsequente, existe uma criança. E o melhor: uma criança adulta, com uma mente cheia de sonhos ainda por realizar (e eu sei que vai), com uma criatividade feroz e uma vontade de descobrir, aprender e ensinar. O jeito como consegue entregar o teu coração com um simples ato de bondade. O jeito como tu me beija. [...] Talvez seja isso o algo a mais que eu ainda não descobri, que me prende tanto a ti. Mas não espere que eu demonstre tudo isso. Tenho mania de sentir, escrever e guardar pra mim. E só digo tudo de uma vez se achar que depois não vou me arrepender de ter aberto a quem sinto. Vou dizendo aos poucos, fazendo aos poucos, como se eu preferisse deixar o melhor para o final, ou talvez seja só para fazer o que eu gosto durar até o momento em que eu achar que devo dizer tudo. E acho que se um dia eu chegar a te entregar isso é das duas uma: eu te amo ou não quero mais e guarde isso de lembrança. Espero que seja a primeira.
     Quando não existe sentimento é tão mais fácil de lidar. E eu não sei (e acho que nem quero) aprender a lidar. Se eu gosto, eu gosto. E se tu gostar de mim, acho que tive sorte. E se não gostar, vou aprender a lidar com isso. Talvez seja esse o meu medo. De não saber se isso é real. E se for, será que é o suficiente? 'As pessoas acham que se você amar alguém o bastante, tudo dará certo. As pessoas estão enganadas.' Não sou muito crente no amor, mas creio piamente no afeto que uma pessoa possa ter pela outra. E em mim, você tem isso. Mas como tu mesmo disse várias vezes 'tu nunca vai esquecer de mim!'. E eu sei que não vou.

AILPI"

FIM - 7ª CARTA

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Eu lhe diria/ Sem sentido

     "Enquanto humanos, sempre procuramos redarguições para os nossos enigmas. Parece ser algo óbvio, mas nem sempre o que parece ser simples de fato é. Para determinadas situações, realmente não existem respostas, e às vezes, não aceitamos isso. Todos nós sempre buscamos certo nexo para o que sentimos ou para algo que aconteceu e, a questão, talvez, é bem maior que uma definição trivial.
     Perguntei a mim, durante muito tempo, porque amo você. Eu não encontrava sentido algum. O que leva uma pessoa a se apaixonar por outra, que é de um universo tão distante do dela? O que fortalece, o que "alimenta" esse sentimento, se não há contato entre a parte que ama e a que é amada? Eu me fiz todos esses questionamentos. Assim como você deve está se fazendo agora. Mas, já passados tantos anos, não encontrei as respostas. E digo mais, fui eu quem decidiu parar. Não há nada que possa me explicar, de forma concisa, porque amo tanto um homem que talvez nem saiba de minha existência. Decidi, apenas, deliciar-me com esse lindo sentimento.
     Então, peço a você que apenas aceite o meu amor. Não que me corresponda, mas que não o questione. Porque se o fizesse, eu lhe diria que a sua alma me cativou. Mas não haveria, realmente, sentido. Também lhe diria que cada fio de cabelo seu me encantou no momento em que lhe vi passar em minha frente, pela primeira vez. E você pode me perguntar "mas como?". E eu lhe diria que o tempo me possibilitou estudá-lo e nutrir meus sentimentos. Mas aí você perceberia que nem tudo que acontece ou surge precisa de um sentido real. Por isso eu lhe peço que não me interpele, porque eu lhe diria mil razões, mas nenhuma delas seria o bastante para lhe fazer ver algo lógico.
     Talvez seja loucura amar cada gesto seu, de um movimento surpreendente com uma bola ou uma simples e estonteante "mexida" nos cabelos; amar sua voz, sem que ela jamais tenha sido direcionada a mim (talvez uma ou duas vezes, há muito tempo, e não que você se lembre). Eu sei que é muito insanidade amá-lo. É algo em que ninguém acreditaria. Contudo, confesso não me importar com a acepção alheia. Em relação a tudo isso que eu sinto, me preocupo apenas com você e com o que pode pensar sobre as palavras que aqui estão escritas. Imploro que não as banalize.
     Também peço que me perdoe por toda essa confusão. Me perdoe por fazê-lo perder tempo com algo tão ilógico. Só tenho algo mais sem nexo a lhe requestar: acredite em mim, por mais que não entenda. Como acreditar em algo que não se compreende? Tudo em minha fala parece se distanciar cada vez mais da lucidez ou racionalidade. Lembre-se, entretanto, do que eu expus no começo dessa carta: um sentimento, às vezes, é bem mais que uma simples busca por razão ou sentido.

Natássia"

FIM - 6ª CARTA